ORNITOFILIA
“De todas as coisas seguras, a mais segura é a dúvida”
Bertolt Brecht
ORNITOFILIA NACIONAL
ORNITÓFILA ou ORNITOLÓGICA?
No sentido de indíviduo ou entidade não temos dúvida: SOMOS ORNITÓFILOS por mania, e arte de gostar, tratar e criar AVES; e a O.N. é “ORNITÓFILA”.
A Ornitologia é uma ciência; um ramo da zoologia que se ocupa do estudo das aves, na natureza; com observações directas, no campo, com fotografia, com estudos populacionais, com, menos frequentemente, estudos no laboratório de criação de aves. Criação de aves em cativeiro, mas efectuada e controlada por cientistas (ornitólogos, zoólogos e biólogos de formação e de profissão, e em parques zoológicos); neste sentido, o caso da criação de aves, nos parques zoológicos, faz parte da ornitologia.
Por norma não se deveria denominar a criação amadora de aves, que fazemos em nossas casas, de prática ornitológica, até porque não somos ornitólogos.
Mas obviamente que temos dúvidas, até porque a palavra ORNITOFILIA literalmente não existe; mas também porque muitos, e muitos que, como nós são ornitófilos, e que nós estimamos e admiramos pelo seu amor às AVES, fazem parte do “mundo ornitológico” (associações, federações, publicações, etc).
Tão pouco queremos polémica, até porque este assunto não o merece, não carece e não é importante.
Explicamos apenas a razão pela qual assim escrevemos nestas páginas.
APENAS pensamos, cremos e somos:
associação ORNITOFILIA NACIONAL
A SIMBOLOGIA DAS AVES NA CULTURA HUMANA
2011-01-28
José Carlos Ferreira
associado O.N.
STAM 848J
Os símbolos são, etimologicamente, pedaços ou partes afins de um todo (do grego simballein = reunir) que se encaixam, a partir de uma semelhança mais ou menos significativa entre si. São familiares aos nossos mitos e crenças, de natureza individual ou colectiva, alimentam as nossas esperanças e os nossos sonhos, inspirando a concretização de acalentadas utopias: felicidade, paz, justiça social, igualdade, paraísos terrestres ou celestiais; são algumas das inúmeras manifestações destes notáveis impulsos de transformação da realidade; motivam também o nosso comportamento e as nossas acções, sempre atraídos pela ideia do bem. O seu ideal é sempre o da perfeição.
Em todas as sociedades humanas os símbolos surgem naturalmente como forma de manifestação de mitos e crenças, como forma de expressão de factos e situações ou ainda como elemento de inspiração ou metáfora; todas as culturas humanas possuem símbolos que expressam mitos, crenças, factos, situações ou ideias, sendo umas das formas de representação simbólica da realidade através da qual nos tentamos apropriar espiritualmente do mundo.
As histórias da arca de Noé, a Fénix, Sadako e os grous de papel, são apenas alguns dos mais conhecidos mitos em que as aves intervêm com uma simbolização muito própria: mensageiro, paz, imortalidade, espiritualidade.
Se somos forçados a pensar num símbolo para a paz decerto que a primeira imagem que nos ocorre é a da pomba branca; esta simbologia é mesmo transversal a todas as culturas humanas; no oriente também o grou japonês pode ocupar esta simbologia de paz. O mito da pomba branca surge com o antigo testamento e a arca de Noé: depois de quarenta dias e quarenta noites de chuva ininterrupta, esperando que o dilúvio se dissipasse, Noé enviou um corvo à procura de terra seca; o corvo voltou sem sucesso e Noé libertou então uma pomba branca com o mesmo objectivo; então a pomba voltou com um ramo de oliveira no bico, significando que o dilúvio iria terminar e seria seguro sair da arca; esta é a simbologia da pomba branca com o ramo de oliveira no bico, como representação da paz e da segurança. No oriente o grou japonês tem uma longa tradição de símbolo da sorte e felicidade e afirma-se que quem faça mil grous de papel origami realiza os seus desejos; uma jovem japonesa, Sadako, que tinha leucemia como resultado dos bombardeamentos atómicos de 1945, inspirou-se neste mito e desenhou os origamis; Sadako acabou por morrer da sua doença em 1955, mas deixou-nos a imagem de centenas de grous origami dobrados à volta de um globo terrestre, como imagem de desejo de paz mundial; este é o exemplo de um mito recente.
As aves têm representado símbolos determinantes na cultura e na literatura, como metáfora para alma ou espiritualidade. Outras vezes atribui-se-lhes outros valores: voo, liberdade, fragilidade, força, poder, desejo, beleza, etc.. Estes arquétipos do bem têm levado o homem a utilizar as aves na simbologia da sua própria sociedade; assim surgem as imagens de aves nos símbolos de cidades e países.
Aves símbolos de países:
África do Sul |
Grou-azul Anthropoides paradisea |
Angola |
Falcão peregrino Falco peregrinus |
Anguilla |
Rola-carpideira Zenaida Aurita |
Antígua e Barbuda |
Fragata Comum Fregata magnificens |
Argentina |
João-de-barro Furnarius rufus |
Australia |
Emu Dromanius novaehollandiae e Kookaburra Dacelo tyro |
Austria |
Andorinha-das-chaminés Hirundo rustica |
Bahamas |
Flamingo Phoenicopterus ruber |
Bangladesh |
Pisco do oriente Copsychus saularis |
Bielorrússia |
Cegonha preta Ciconia nigra |
Bélgica |
Penereiro vulgar Falco tinnunculus |
Belize |
Tucano Ramphastos sulfuratus |
Bolivia |
Condor-dos-Andes Vultur gryphus |
Botsuana |
Rolieiro de peito lilás Coracias caudata |
Brasil |
Sabiá laranjeira Turdus rufiventris |
Butão |
Corvo-comum Corvus corax |
Canadá |
Coruja-das-neves Bubo scandiacus |
Chile |
Condor-dos-Andes Vultur gryphus |
China |
Faisão Orelhudo Azul Crossoptilon auritum e Grou Japonês Grus japonensis |
Cingapura |
Ave do Sol Aethopyga saturata |
Colômbia |
Condor-dos-Andes Vultur gryphus |
Coréia do Sul |
Pega Pica sericea |
Costa Rica |
Tordo Turdus grayi |
Cuba |
Tocororo Cubano Priotelus temnurus |
Dinamarca |
Cisne Cygnus olor |
Dominica |
Amazona imperial Amazona imperialis |
El Salvador |
Guardabarranco Eumomota superciliosa |
Emirados Árabes Unidos |
Falcão peregrino Falco peregrinus |
Equador |
Condor-dos-Andes Vultur gryphus |
Escócia |
Águia real Aquila chrysaetos |
Estados Unidos |
Águia Americana ou de cabeçabranca Haliaeetus leucocephalus |
Estônia |
Andorinha das Chaminés Hirundo rustica |
Fiji |
Lori Phigys solitarius |
Finlãndia |
Cisne Cygnus cygnus |
França |
Galo Gallus gallus |
Gâmbia |
Rolieiro-de-barriga-azul Coracias cyanogaster e Pato-ferrão Plectropterus gambensis |
Geórgia |
Faisão de coleira Phasianus colchicus |
Granada |
Rola-máscara-de-ferro Leptotila wellsi |
Grécia |
Fénix |
Guatemala |
Quetzal Pharomachrus mocinno |
Guiana |
Jacu-cigano Opisthocomus hoazin |
Haiti |
Papagaio da Ilha Espanhola Priotelus roseigaster |
Honduras |
Amazona de nuca amarela Amazona auropalliata |
Hungria |
Abetarda Otis tarda |
Ilha das Bermudas |
Rabo-de-palha-de-bico-vermelho Phaethon lepturus |
Ilhas de Caimão |
Amazona Cubano Amazona leucocephala caymanensis |
Ilhas Virgens Americanas |
Cambacica Coereba flaveola |
Ilhas Virgens Britânica |
Pomba carpideira Zenaida macroura |
Índia |
Pavão indiano Pavo cristatus |
Indonésia |
Águia açor de Java Spizaetus bartelsi |
Irão |
Rouxinol Luscinia megarhynchos e Pavão Pavo cristatus |
Iraque |
Perdiz-chukar Alectoris chukar |
Islândia |
Falcão-gerifalte Falco rusticolus |
Jamaica |
Colibri-de-rabo-comprido Trochilus polytmus |
Japão |
Faisão versicolor Phasianus versicolor |
Jordão |
Pintarroxo do Sinai Carpodacus synoicus |
Kazakistão |
Águia real Aquila chrysaetos |
Lituânia |
Alvéola-branca Motacilla alba |
Lesoto |
Íbis calvo Geronticus calvus |
Libéria |
Tuta negra Pycnonotus barbatus |
Lituânia |
Cegonha-branca Ciconia ciconia |
Luxemburgo |
Estrelinha de poupa Regulus regulus |
Malásia |
Calau Buceros rhinoceros |
Malawí |
Apaloderma Apaloderma vittatum |
Malta |
Melro-azul Monticola solitarius |
Maurício |
Dodó Raphus cucullatus |
México |
Águia real Aquila chrysaetos |
Montserrat |
Oriole de Montserrat Icterus oberi |
Myanmar (Birmânia) |
Faisão-esporeiro Polyplectron bicalcaratum |
Namíbia |
Picanço-preto-e-vermelho Laniarius atrococcineus |
Nepal |
Faisão-resplandecente Lophophorus impejanus |
Nicarágua |
Guardabarranco Eumomota superciliosa |
Nigéria |
Grou coroado Balearica pavonina |
Noruega |
Melro d'água Cinclus cinclus |
Nova Zelandia |
Quivi Apteryx australis |
Palau |
Pomba da fruta de Palau Ptilinopus pelewensis |
Panamá |
Harpia ou gavião real Harpia harpyja |
Papua-Nova Guiné |
Ave-do-paraiso Paradisaea raggiana |
Paquistão |
Perdiz Chukar Alectoris chukar e Falcão peregrino Falco peregrinus |
Paraguai |
Araponga-comum Procnias nudicollis |
Peru |
Galo da serra Rupicola peruviana |
Filipinas |
Águia das Filipinas Pithecophaga jefferyi |
Polônia |
Águia-rabalva Haliaeetus albicilla |
Porto Rico |
Spindalis portoricensis |
Quênia |
Galo Gallus gallus e Grou coroado Balearica pavonina |
Reino Unido |
Pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula |
República da Irlanda |
Campylorhynchus brunneicapillus e Tordo Americano Turdus migratorius |
República Dominicana |
Dulus dominicus |
Romênia |
Pelicano branco Pelecanus onocrotalus |
Ruanda |
Grou-coroado-de-pescoço-cinzento Balearica regulorum |
Samoa |
Didunculus strigirostris |
Santa Lúcia |
Amazona de Santa Lúcia Amazona versicolor |
São Kitts e Nevis |
Pelicano Pardo Pelecanus occidentalis |
São Tomé e Principe |
Papagaio cinzento Psittacus erithacus e Milhafre-preto Milvus migrans |
São Vicente e as Granadinas |
Amazona de S. Vicente Amazona guildingii |
Seicheles |
Papagaio Vasa Coracopsis nigra |
Sri Lanka |
Galo do Ceilão Gallus lafayetti |
Sudão |
Secretário Sagittarius serpentarius |
Suazilândia |
Turaco-de-crista-violeta Tauraco porphyreolophus |
Suécia |
Melro preto Turdus merula |
Suíça |
Galinha Appenzeller Spitzhauben Gallus gallus |
Tailândia |
Faisão siamês Lophura diardi |
Taiwan |
Pega Urocissa caerulea |
Tanzânia |
Grou-coroado-de-pescoço-cinzento Balearica regulorum |
Tobago |
Ortalis ruficauda |
Tonga |
Pomba Pacifica Imperial Ducula pacifica |
Trinidad |
Guará Eudocimus ruber |
Turquia |
Tordo ruivo Turdus iliacus |
Uganda |
Grou-coroado-de-pescoço-cinzento Balearica regulorum |
Uruguai |
Quero-quero Vanellus chilensis |
Venezuela |
Corrupião Icterus icterus |
Zâmbia |
Águia pesqueira africana Haliaeetus vocifer |
Zimbábue |
Águia pesqueira africana Haliaeetus vocifer |
Marcadamente místico, mais do que espiritual, o valor destes símbolos como imaginário da “alma” de um povo, revela quase sempre um interesse maior pelas características simbólicas particulares de cada uma destas aves, do que propriamente pela visão imagética do povo em geral. Assume assim uma qualidade metafísica determinante na forma como esse povo constroi uma imagem de si próprio e do mundo que o rodeia.